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  • Augusto Yumi

O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?

Atualizado: 11 de abr. de 2020


Primeiro devemos salientar que é o tipo de abordagem que mais se dissemina dentro da psicologia clínica ultimamente, tendo ascensão no cenário mundial e conquistando cada vez mais seu espaço entre os profissionais e usuários de saúde mental. Isso se deve principalmente a comprovação empírica de sua eficácia. Há um volume respeitável de estudos controlados que avaliaram o tratamento com Terapia Cognitiva em transtornos mentais (doenças psicológicas) como Depressão Unipolar, Transtornos de Ansiedade, Transtornos Alimentares, Transtornos Somatoformes entre outros comprovando sua eficácia. Novos estudos corroboram isso para um número cada vez maior de transtornos mentais.

Ok, ela se expande, tem sua eficácia comprovada, mas sobre o que realmente estamos falando? Sobre o que trata especificamente esse tipo de psicoterapia? Como ela funciona? Antes de responder a essas perguntas devemos explicar o contexto em que ela surgiu. A Terapia Cognitiva, ou Terapia Cognitivo-Comportamental é uma ramificação dentro do campo de conhecimentos da psicologia no tronco de uma árvore maior chamada Ciência Cognitiva, que surgiu no final da década de 50 no que ficou conhecido como “Revolução Cognitiva”.

Esse movimento nada mais foi do que a convergência de trabalhos teóricos e experimentais de diferentes áreas do conhecimento tais como Filosofia, Antropologia, Linguistica, Cibernética, Psicologia e Neurociencias com a consolidação de uma nova maneira de conceber a mente baseada na “Metáfora Computacional”. Era uma nova e promissora metáfora para estudar o psiquismo humano, baseada no cérebro como um processador de dados advindos da realidade externa. A “metáfora computacional” mostrou-se capaz de ir ao encontro dos novos estudos que, por sua vez, encarregaram-se de evidenciar a possibilidade de investigações científicas sobre os fenômenos mentais, gerando, dentro de um caráter interdisciplinar, as ciências cognitivas.

A reverberação desse movimento na psicologia se deu principalmente com Aaron Beck no final da década de 50. Ele é o precursor da Terapia Cognitivo-Comportamental. Na verdade, pode-se dizer que existem “Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais” já que “Terapia Cognitivo-Comportamental” é um termo genérico que abarca mais de 20 tipos de abordagens. Essas se diferenciam pelas estratégias adotadas ou por aspectos conceituais acerca dos diferentes transtornos. Porém o que as une são alguns pressupostos em comum, baseados no Modelo Cognitivo, modelo explicativo do funcionamento humano decorrente do processamento de informações.

Mas como funciona esse tal de modelo?

A Terapia Cognitivo Comportamental surgiu nos Estados Unidos a partir de estudos com pacientes com Depressão e foi desenvolvida e formulada pelo psiquiatra Aaron Beck. O pressuposto teórico é de que o que nos afeta de maneira emocional e nos impulsiona para nos comportarmos de um jeito ou de outro não está relacionado com as situações que vivenciamos (experiências) de maneira direta e sim, com a interpretação que damos as situações (na forma de pensamentos). Os pensamentos podem portanto ser coerentes com a situação vivida (realistas) ou interpretações errôneas ou incompletas (irrealistas).

A base de todo o tratamento é ensinar ao paciente técnicas para que ele consiga avaliar de um ponto de vista mais crítico seus pensamentos para que não sofra mais de maneira desnecessária (quando acredita em interpretações equivocadas). Para explicar melhor isso, podemos nos remeter aos estudos de Aaron Beck sobre a Depressão. Ele notou que os pacientes deprimidos tinham padrões de similaridades em relação a aspectos cognitivos como a visão negativista que eles tinham sobre o mundo, as pessoas e em relação a eles mesmos. Ele inferiu então que a sintomatologia depressiva era ocasionada/influenciada por essas distorções cognitivas, ou seja, distorções a nível do pensamento. Para comprovar sua teoria ele propôs o uso de estratégias para corrigir tais distorções que se mostraram muito efetivas no tratamento da sintomatologia depressiva. Resumindo, a premissa básica do Modelo Cognitivo é a de que não são as situações do nosso cotidiano que determinam como sentimos ou como nos comportamos, e sim a nossa interpretação dessas situações. Portanto, numa mesma situação uma pessoa pode ter uma reação emocional bem distinta de outra pessoa. A nossa interpretação vem em forma de pensamentos que influenciam e são influenciados por nossas emoções e comportamentos. Por exemplo, um leitor A pode a partir da situação "começar a ler este texto sobre terapia cognitiva" ter a interpretação "Nossa! Isso faz muito sentido! Que legal!" (Pensamento), se sentir empolgado (emoção) e continuar lendo ate o final (comportamento). Outro leitor B pode interpretar a mesma situação pensando " Isso não deve ser assim, essa explicação é muito simplista", se sentir irritado (emoção) e parar de ler no meio do texto (comportamento).

Os Transtornos Mentais e Psicológicos são gerados portanto por distorções cognitivas, onde os pensamentos são irrealistas (não condizem com a experiência). A Terapia Cognitiva trabalha no sentido de avaliar esses pensamentos para ver o grau de distorção do paciente, afim de que, através de técnicas, se possa reestruturar esses pensamentos para outros mais realistas, provocando mudanças emocionais e comportamentais nesses pacientes para que o grau de sofrimento desnecessário deles desapareça ou diminua promovendo a sua saúde mental.

Terapia Cognitivo-Comportamental é a abordagem de tratamento psicoterápico de maior comprovação de eficácia no tratamento de Transtornos Mentais segundo a literatura científica, ou seja, é uma abordagem validada empiricamente. Isto quer dizer que todos os procedimentos e técnicas empregados tem comprovação de que funcionam já que se fizeram experimentos e protocolos de pesquisas estruturados comprovando sua eficácia. Isso numa ampla gama de transtornos e dificuldades psicológicas.É uma psicoterapia mais objetiva, direta com foco na mudança, ou seja, o paciente tem que necessariamente mudar a ponto de obter os resultados almejados por ele. Quando esse momento acontece é a hora da alta terapêutica, quando ele aprende técnicas e conhecimento para lidar com o seu dia-a-dia de uma maneira mais saudável. O objetivo central na Terapia Cognitivo-Comportamental é visar a autonomia do paciente, ou seja, transforma-lo no seu "próprio psicólogo".


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